Agosto nas nossas aldeias beirãs, significa calor, férias e festas.
Os estudantes vêem-se livres do período de aulas.
Muitos outros, que trabalham o ano inteiro, têem finalmente a gratificação de repousar do cansaço acumulado durante o tempo laboral e alterar a actividade pervertida estabelecida pela profissão.
É que as Festas de Verão são indissociáveis desta época do ano.
As freguesias enfeitam as ruas com fitas floreadas e coloridas, outras que têm mais posses usam arcos luminosos convidando residentes e vizinhos a ali permanecer e conviver, aproveitando as horas em que o movimento de pessoas conhecidas, divertimentos e animação são constante.
Os emigrantes que regressam à sua aldeia vêem cheios de saudades pelo convívio e "pôr" a conversa em dia sobre a terra, a sociedade e os progressos.
E, um dos pontos marcantes da sua vinda: participar na festa da aldeia, rotina anual, a constituir sempre o período mais sublime do ano
Cafés e lojas apresentam as vitrinas e janelas enfeitados com cartazes a propagandear o que cada localidade propõe durante os dois, três ou sete dias de festa.
São as verdadeiras festas do povo, com todos, e entre os diversos conterrâneos da aldeia.
Todos saiem de casa, mesmo os mais reservados, até aqueles que durante o ano não frequentam os cafés, lá os encontramos em convívio e descontracção com amigos e familiares.
Em muitas das aldeias do trajecto da ciclovia do Dão decorrem várias festas de Verão ao longo de Agosto.
Esta azáfama de festas e programas de espectáculo, preocupam as várias comissões de festas das aldeias que se esforçaram durante o ano inteiro para manter a tradição.
Cada comunidade faz sempre o seu programa com êxito, de acordo com os dinheiros adquiridos por esforço, sempre com risco de prejuizo para os mordomos.
Em Farminhão na Festividade em honra de Santa Eufêmea, a comissão de festas procurou divertir as pessoas, exibindo o Ranho folclórico da Associação de Moure da Madalena, e o Grupo de Cantares de Farminhão que divulgo no presente post.
Ao longo do periodo festivo houve diversas actividades, desde o bar improvisado no recinto de festas, à salva de foguetes, à actuação de conjuntos musicais durante a noite.
Tudo devidamente organizado e pensado ao pormenor para que o divertimento tivesse sido muito bom, e o trabalho dos mordomos fosse reconhecido.
Homens que procuram ser os melhores de ano para ano e acima de tudo, que, feitas as contas, não tenham prejuízos.
As Festas do ano da aldeia de Farminhão apresentaram o cartaz com os grupos regionais já nomeados, o que é bom, pois promovem o que de bom há em cultura musical da aldeia e territórios vizinhos.
Muito agradável e boa a apresentação do Grupo de Cantares de Farminhão, que merece ser divulgado, afirmado e renomeado, para ser uma associação de referência no divertimento cultural, acessível nestes nossos lugares do interior, onde até as próprias festas populares estão em risco de extinção.
As músicas que mais se aplaude nestes dias, são as danças e cantares populares, tão agradáveis para a população se desinibir, participando euforicamente em bailes populares.
A apresentação de cânticos como o "Hino de Farminhão" e "Amor de Estudante" sensibilizaram os mais comovidos e os intrínsecas de Farminhão.
Temas como “O Padre nosso” “Passarinhos a bailar” dirigido a todos, animaram vivamente no final o recinto com um baile improvisado.
Ao final da tarde chegou o cansaço de tanto bailaricarem, e então surgiram outros compassos musicais dirigidos aos mais jovens com modernas bandas musicais.
Em cada esquina da cidade há um café, um restaurante, uma pastelaria...Local onde se dirigem as populações urbanas por vários motivos: para beber um café e tomar o pequeno almoço, abastecerem-se de de pão ou pasteis, até mesmo saborear uma bebida e petiscar uma refeição, porque as necessidades fisiológicas o exigem.
Os espaços assinalados são atraentes e sedutores, grande higiene, com traços de moderna engenharia, mas... sem alma, ou seja: os clientes entram e saem, fornecem-se ou tomam o seu café, e saem quase sempre stressados para as suas vidas rotineiras. É esta, a principal filosofia e função do café de cidade - quanto mais bem localizado, mais atraente e sedutor for, melhores modernices o bom cheiro oferecer, é para onde as massas populacionais se vão então deslocar.
O valor e interesse da taberna tradicional, muitas vezes com mercearia adjacente, e o café da aldeia são de extrema importância para o equilíbrio e sobretudo para uma salutar convivência entre conterrâneos e amigos.
São uma mais valia das populações das aldeias, que não sendo de modo algum um "espaço cultural", se identificam como principal local de conversas, debates, entretimentos como, o jogo das cartas ou assistir a programas televisivos.
É assim que se passam as tardes de Domingo, os intervalos do trabalho nas nossas aldeias do interior, sempre em ambiente agradável e com "toque" familiar.
E é aqui o ponto de encontro diário, onde as notícias locais e nacionais estão sempre em dia.
E é aqui onde se delineiam estratégias e acordos políticos; este ou aquele mostra o seu talento, como poeta, cantor, ou tocador de concertina, como o que aconteceu esta tarde à porta da Taberna da Srª Anunciação Tavares em Freixinho - Sernancelhe, em que apreciamos a exibição do Sr Agostinho da Ponte do Abade para mulheres da aldeia, enquanto seus maridos no interior, jogavam às cartas.
Convívios puros e saudáveis, da máxima importância ao equilíbrio psíquico e bem estar das populações locais.
Os ambientes são sempre acolhedores, não têm os luxos e as piquinhices dos bares e cafés citadinos, mas possuem algo invisível que seduz e atrai os amigos e conterrâneos - ALMA.
O povo do Douriense, quer seja nos vinhedos ou no seu rio mostra sempre uma recepção calorosa a quem os visita, e tal se deve às caraterísticas comuns destas gentes que, ao longo dos séculos, habitaram e souberam modificar este território de Portugal. São a lealdade e a hospitalidade os atributos mais enraizados nestes, e a assinalar também a integridade do caráter.
Porém existe neles um dado aparentemente incoerente, mas que sabem conciliar, a individualidade e o comunitarismo. É que, embora, sendo auto-suficientes, têm necessidade em gerar valores comunitários, criando laços com os conterrâneos, amigos e vizinhos. na criação de valores comunitários para assim responder às suas necessidades.
O percurso do ser Humanos pela aspereza deste rio e montanhas, os nove meses de inverno e três de inferno (calor extremo), medos das trovoadas e grandes chuvadas, criou um sentimento de insegurança comunitário, tornando-o muito crente em relação a Deus.
Visualizou-o no sol, nos frutos, nas fontes... e tornou sagrado os lugares onde o sentia: igrejas e capelas, nichos e alminhas, os passos da via sacra, as procissões e os cânticos.
A festas, nomeadamente o resumo que apresento de São Salvador do Mundo, anexo a São João da Pesqueira, é uma necessidade desta gente. É o aspecto da interrupção que esta apresenta em relação à rotina diária. Momentos de extremos e transgressões, alegrias gratuitas.
Porém, em paralelo, verifica-se a melhor forma de expressão da religiosidade popular: sente-se a ligação com o invisível, e a aliança do povo com Deus
Um verdadeiro percurso num comboio, com uma multiplicidade de estações, entradas e saídas de passageiros.
Percurso, em que tudo acontece: desde momentos e mais momentos agradáveis, até mesmo cenários tristes e acidentes; embarques com pessoas agradáveis, porém nostálgicos com outros que saiem.
Ao nascer, entramos neste comboio tendo ao nosso lado duas pessoas, os nossos Pais que, pensamos que irão connosco até ao fim de linha, porém tal não acontece na maior parte das vezes. Nalgumas estações mais à frente do percurso, saiem do comboio, e nós perdemos então a sua proteção, amor e suporte.
Alguns que viajam no comboio encantam-se com todo o cenário envolvente, mas outros vão fechados com angústias e tristezas. Outros passageiros, percorrem as várias carruagens, e espontaneamente prontos a ajudar qualque um. Ao parar numa estação alguns descem, com saudades daqueles que permanecem pela viagem. E há uns outros que, numa dada estação saiem, sem que alguém se aperceba da sua falta.
Filme da partida do comboio a vapor do Douro com a animação do grupo de cantares de Fornelos
O comboio tem carruagens de passageiros com várias classes, as mais luxuosas e as mais desconfortáveis, o que faz com que todos viajam separados e em mundos diferentes. Porém é permitido a qualquer um atravessar as diferentes carruagens, contactando então momentaneamente, pessoas de diferentes níveis. Assim, a viagem é feita de sonhos, imaginações, periodos de calma ou de azáfama, surpresas, entradas e saídas de passageiros. Certo é que todos sabem que há um final de linha afastado do ponto de saída, onde termina a viagem.
Da partida à chegada ao destino, há muitos quilómetros a percorrer, pelo que, os diferentes passageiros, deverão vivê-la em conforto, procurando estabelecer harmonia e empatia entre eles, tentando dar ou aprender alguma lição, ou amizade.
Porém, a qualquer momento, uma amizade ou permuta que se criou, desfaz-se com a saída de passageiros em determinada estação.
O local onde vamos saír, não o conhecemos e não sabemos onde é. Mas, ao chegar, ficamos com uma nostalgia, saudade, e tantas vezes choramos, por todos aqueles que permanecem no comboio, aos quais ganhamos afeto e amizade. Sentimos também uma paz interior, porque dalguma forma, contribuímos para o bem estar dalguns, proporcionando-lhes a nossa experiência da vida.
Outros que saiem, ficam sentados na estação até ao momento da partida do comboio, e a observar os que entraram, os que saíram, e a recordar os bons e maus momentos com os diferentes passageiros, mesmo dos contactos momentâneos, daqueles que viajavam em classes diferentes.
Ao perder de vista o comboio a prosseguir a longa caminhada, na estação, estes agradecem a Deus por ter chegado bem a este destino, e ter conhecido muitos que viajaram em conjunto, alguns mesmo noutras carruagens.
Os que continuam, percorrem mais e mais quilómetros; embora viajam em carruagens de diferentes confortos, vão todos no mesmo comboio.
As grandes emoções da vida são o salutar convívio com a família os amigos, a comunicação edificante entre os Homens e a preservação e contribuição para a verdadeira amizade.
A Internet é já um meio de divulgação e comunicação que bem se inseriu numa boa parte da população portuguesa. Os encontros de conterrâneos,famílias e amigos por este meio está bem intrinsecamente relacionado com um conjunto de condições sociais e económicas que Portugal viveu na sua História contemporânea.
Portugal ao longo das últimas dezenas de anos ficou marcado pela emigração de cidadãos seus para as mais variadas partes do mundo: os PALOP’s no período da colonização, o Brasil, nas décadas de 50 e 60. E com intensidade nos últimos 50 anos para a Europa, Estados Unidos e Canadá. Muita gente procurou fora do país escapar à pobreza que cá existia, em busca da obtenção de melhores condições de vida.
Mesmo dentro de Portugal, houve vagas sucessivas de imigração, com a deslocação de muitas pessoas das suas regiões de origem para os grandes centros urbanos, onde a vida era menos difícil que nas pequenas aldeias ou vilas do interior.
Estas situações levaram a uma enorme quantidade de desencontros entre amigos pais, filhos, irmãos e outros familiares.
A Internet, permite que pessoas que nada sabiam dos seus há anos e anos, tivessem o privilégio e sorte de se poderem comunicar e rever.
Porém foi muito gratificante para mim também quando ao divulgar o nome da nossa terra - Vila da Ponte pelo mundo inteiro, foi sentido por um daqueles que de cá emigrou já há muitos anos (década de 50-60), e por este meio de divulgação com saudade e sentimentalismo, comunica comigo e procura então notícias e informações da Aldeia.
Era o desejo e sentimentalismo de se ligar novamente ao cordão umbilical das suas origens, onde por vezes ainda se encontram os valores dos familiares, amigos e toda a recordação dum início da vida e seusantepassados.
Pessoas desconhecidas por mim, mas que me sensibilizaram e emocionaram. Valores humanos que deixaram o Concelho há dezenas e dezenas de anos e não tiveram mais notícias, informações ou progressos da sua aldeia.
Muitas vezes factores e circunstâncias de índole económica que os afastou completamente da terra de origem, dos amigos, de toda a família…
Surpresa, no caso actual, quando um dos filhos ou netos destes emigrantes, situado num outro continente a milhares de quilómetros de distância, acompanhando os progressos tecnológicos da Informática e Internet, digita “Vila da Ponte – Sernancelhe”, lê e observa o que existe OnLine sobre o local, e então divulga as notícias e fotografias actuais a toda a família que emigrou.
Foi quando que uma jovem Brasileira comunica para o meu endereço emocionada com as imagens da Vila da Ponte actual, que sensibilizaram e emocionaram o seu Pai e Tia já idosos, naturais de Vila da Ponte Sernancelhe, os quais, na juventude, partiram para o Brasil, à procura dum futuro mais próspero, tendo-se então desligado completamente da Pátria Mãe - Portugal.
Referiu-me que pertencia a uma família humilde de 4 irmãos, por ventura já sem vestígios cá na aldeia, mas que segundo informação do Pai e Tia, viviam em frente à Farmácia Mota, recordando-se ainda do primeiro proprietário da centenária Farmácia. Pelas referências genealogicas conclui que correspondia à família Margarido.
A minha resposta foi de comoção e de abalo euforizante, visto que o Email que enviei, transportava imagens dos familiares irmãos sobrinhos e cunhados, que na realidade estavam vivos e bem presentes na aldeia.
Nova vida de ligação familiar iria recomeçar com toda a certeza desde então.
Surpresa, agora para os de cá, foi quando lhes participei a realidade da existência dos familiares directos do Brasil, e depois as fotografias que lhes ofereci, imprimidas após recepção do Email lá do outro lado do Atlântico.
Sem dúvida que houve confirmação e reconhecimento mútuo das várias fotos familiares enviadas e recebidas. Então os endereços e telefones de todos foram comunicados.
O alcance da Internet, agora com o Messenger, isto é, a comunicação em directo através de som e imagem, foram os momentos posteriormente proporcionados a todos, com novas emoções de contactarem frente a frente, reconhecendo-se em reciprocidade, e refazendo os acontecimentos e valores familiares interrompidos há 50 anos.
Passou a ser o momento mais nobre para todos sem dúvida, a hora do encontro, do convívio e olhos nos olhos, que proporcionei à Família, nalguns Domingos sempre que havia possibilidade.
Grandes emoções da vida são o salutar convívio com a família os amigos, a comunicação edificante entre os Homens e a preservação e contribuição para a verdadeira amizade.
Bom final de história real, que nos orgulha a todos, e desejos verdadeiros que cenários ou situações semelhantes possam de novo acontecer e nós possamos contribuir, pois que, provavelmente, um dos grandes prazeres da vida é sem dúvida “fazer os outros felizes”
"grupo de cantares de s. miguel"
1985 - comunhão em vila da ponte
a estação de caminhos de ferro do vesúvi
aguiar da beira desfile etnográfico
aguiar da beira feira atividades economi
associação de acordeonistas do távora e
banda filarmónica de nagoselo do douro
cantadores de janeiras de s. marta de pe
comboio da rede à quinta das carvalhas
comboio do douro foz do távora
comboio do douro quinta da romaneira
comboio no ferrão; vapor no ferrão; vapo
comunhão solene vila da ponte 2008
grupo de cantares de constantim
grupo de cantares de vila real
orquestra ligeira câmara tarouca
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