O presente trabalho, tema sobre o "vapor do Douro", consta duma série de sete filmes a retratar o cenário da viagem no comboio (2012)
Régua, na estação de caminhos de ferro
Velocidade, é o requisito dos tempos de hoje para o sucesso do transporte ferroviário.
O turismo pelos trilhos de ferro, apreciado muito pelo intelectual e o homem da cidade, possui a vertente apreciativa ao mundo rural e maravilhas paisagísticas da natureza, o turismo e lazer contemporâneo aos tempos de hoje.
Situo-me na estação de caminhos de ferro da Régua há algumas décadas atràs:
-- movimento de muitas pessoas, umas a chegar, outros de partida, mais outros em transbordo de comboios.
-- no bufete da estação, o aroma a café e tabaco.
-- nas plataformas da estação, o cheiro ao fumo das locomotivas.
Um vai e vem de gente e comboios, onde o espaço da gare se tornava muitas vezes insuficiente perante o enorme fluxo de passageiros.
As ferrovias desactivadas no Norte de Portugal
Actualmente o tráfego diminuiu, foi encerrado o último troço da linha do Douro e desmanteladas as linhas do Sabor, Tua e Corgo. Sempre por determinação mandatória das rodovias, resultado dos modernismos.
Porém observamos pela Europa, e na nossa vizinha Espanha, muitas das ferrovias da era do vapor, a serem adaptadas à contemporaneidade, seja por interesse público, ou pela iniciativa bairrista e nostálgica de muitos, mesmo algumas que tinham já sido encerradas.
É a força sentimental duma colectividade, perante a herança simbólica da primeira revolução industrial, no desejo em conservar e recuperar os grandes valores:
-locomotivas,
-material circulante
-infra-estruturas
-estações
E assim, em muitas colectividades da Europa foram criadas associações e empresas turísticas para os fãs das linhas férreas que, perante o prejuizo nas comunidades do encerramento das vias, se valorizou o real valor destas, pelo sentimento de perca, transformando-se então numa nova linha férrea, a turística.
E em Portugal, no Norte, vamos encontrar várias linhas desactivadas, que, no século passado tiveram forte impacto social e comercial, localizadas em áreas com características paisagísticas e ambientais convidativas ao turismo ferroviário, em condições viáveis de restauro.
É a linha do Vouga, que segue parte do seu percurso ao longo do vale do mesmo rio, de Espinho a Viseu; são as várias ferrovias aferentes à linha do Douro, como a do Sabor, Tua, Corgo e Tâmega.
É o troço desactivado da linha do Douro entre Poçinho e Barca de Alva.
São linhas de potencial turístico ímpar, com desejo à reabertura destas, na consciência e opinião das populações locais e homens com perspectiva da rentabilidade destas de dimensão cultural e cívica a registar.
Para estas linhas, de bitola estreita, há ainda equipamentos de tracção a vapor, alguns conservados em Museus, como em Maçinhata ou Sernada do Vouga, em condições de serem colocados em movimento.
Valores patrimoniais a contemplar o turista nos percursos, com a conveniência de descobrir as paisagens do Portugal profundo através dos meios de tracção a vapor, seduzindo centenas de entusiastas.
o comboio a vapor do Douro - primeira parte
O comboio a vapor do Douro
Presentemente, no Verão, podemos viajar no comboio a vapor da linha do Douro, entre a Régua e o Tua, onde, a par do prazer da viagem, a proporcionar paisagens ímpares do vale do Douro Vinhateiro, ingressamos mundo do romantismo e nostalgia.
É o prazer em ser-mos conduzidos por um verdadeiro museu vivo, com o verdeiro legado em movimento.-
Estradas, mais estradas, auto-estradas, colocaram o transporte ferroviário das linhas de caminho de ferro estreitas em decadênciam.
Para a sua sobrevivência há que aclamar:
"viva o turismo ferroviário do Portugal profundo"
Que agradável e relaxante a viagem proporcionada no vapor do Douro, a oferecer imagens dum dos mais belo patrimónios paisagísticos mundiais, e reconhecido pela Unesco, distante do stress do automóvel, com total entrega ao itenerário do comboio.
Que interessante, visualizar nas Estações o vapor a ser abastecido em água e a constante lubrificação das peças hidráulicas.
As mesmas em harmonia com o ambiente turístico, com espaço comercial para venda de produtos de marca do Douro, ou então recordações.
Uma viagem a transportar o turista à zona vitivinícula do Alto Douro, com um trajecto ribeirinho pela margem direita do Rio, em que, quilómetro a quilómetro o olhar do turista flutua perante a magnificiência das verdejantes paisagens, alternadas com o picotado de aldeias Dourienses.
Um percurso acompanhado por grupos musicais da Região actuando pelas carruagens em movimento.
o comboio a vapor do Douro - segunda parte
A importância das linhas férreas do passado para Portugal
As linhas férreas apontadas, foram um importante motor ao desenvolvimento das regiões do norte de Portugal, multifacetadas em vertentes culturais, industriais, agrícolas e paisagísticas, tendo proporcionado o progresso às suas gentes, contribuindo para a prosperidade desses espaços geográficos. Porém não houve o acompanhamento do ímpeto tecnológico, que surgiu nas últimas décadas do século XX, consequência das más políticas de desenvolvimento a beneficiar o litoral, prejudicando o interior do País.
É de lamentar que, caminhos de ferro, erguidos nos finais do século XIX e XX, que tanta despesa deram à Nação, com a construção e manutenção, que nos tempos actuais, através duma equilibrada gestão seriam rentáveis com a vertente turística em paralelo com a social das populações locais.
É pena, pois também na vertente ferroviária falhou a visão do futuro, através do enquadramento do transporte num sistema vantajoso para a companhia e população.
Foi fácil, em vez do investimento, optou-se pelo encerramento e abandono.
o comboio a vapor do Douro - terceira parte
O abandono de algumas linhas
Patrimónios desmoronados pela insuperável rigidez do progresso, a desrespeitar o simbolismo heroico do passado recente e os interesses sociais e turísticos que as linhas representam.
Tempo impiedoso, o modernismo abstracto de hoje, onde tudo de faz em ritmo acelerado, sem poderações ou reflexões, prevalecendo sempre o interesse economicista aos merecimentos de necessidade social e interesse económico regional, fundamentais ao progresso e equilíbrio do cidadão dos tempos de hoje.
Ganhamos velocidade e riqueza, todavia a estrutura física e mental de muitos já não consegue acompanhar o desenfreado progresso sem trajectória. Então o homem de hoje, dominado pelo "TGV" que corre à velocidade da luz, descompensa, tornando-se refém do novo mundo desconjuntecurado a interferir severamente com a sua saude e qualidade de vida.
o comboio a vapor do Douro - quarta parte
O desenvolvimento do País
Os que pensam que o País se desenvolve exclusivamente a partir de grandes desenvolvimentos, como o TGV ou o novo aeroporto, não está em consonância com a verdadeira realidade de Portugal, estando certamente a lesar o património humano e cultural da Nação.
O País só se desenvolve se conseguir avançar no caminho do progresso como um todo. Se canalizar todos os seus recursos, ou se se endividar ainda mais, para prosseguir apenas nesse caminho, deixará o resto do País com infra-estruturas que não evoluíram praticamente desde a sua edificação. Portugal não deixará de ser um País subdesenvolvido.
Estes sentimentos, em forma mais nostálgica, são muito vividos ao viajar-mos no comboios antigo e histórico do Douro, símbolo da grande revolução do vapor.
O percurso neste comboio turístico a vapor entre a Régua e o Tua, representa nas nossas mentes uma série de desejos e romantismo.
Corresponde à satisfação do homem romântico nesta era tão tecnológica, com a vertente nostalgica das ferrovias edificadas no séc. XIX.
É de lamentar, que nas já referidas linhas desactivadas, de incalculável valor histórico e de referência, tem-se feito prevalecer a modernidade irreflectida, omitindo-se o passado, sempre em trajectória dianteira, em ritmo compulsivo para se impor e dominar.
Porém hoje, muitos homens, com dimensão cultural cívica, de sensibilidade e respeito à história, como a vizinha Espanha, conseguiram modernizar e rentabilizar turisticamente vias estreitas, cumprindo assim a preservação de valores e epopeias do passado.
Para o homem moderno de hoje tenso, com excesso de trabalho intelectual, saturado da poluição, viajar nestas linhas, liberta-o à imaginação, estabelecendo sinónimos de prazer e relaxação, figurados pelos cenários das paisagens, longe da civilização e da cidade.
É uma sensação ímpar que se sente, quando somos traccionados pela locomotiva a vapor, satisfazendo-se constantemente a nossa imaginação, e transportando-nos ao século XX, facultando uma outra emoção de bem estar:
a fuga para tempos passados, época em que não sofria-mos o stress do presente, fuga momentânea à civilização tão stressada...
o comboio a vapor do Douro - sexta parte
O grande símbolo da época moderna, a era do vapor, o COMBOIO
Assim, a era do vapor, muito marcada pela difusão das linhas férrea pelo território nacional, demarcou o final do séc. XIX e início do século XX como a grande revolução dos transportes, tempo do grande modernismo, liberdade na deslocação do homem para longas distâncias, a possibilidade em se aproximar dos entreportos comerciais, das zonas industriais, as grandes cidades, e assim ter a possibilidade de permutas comerciais com o mundo industrializado.
Ao longo destas linhas férreas estabeleceu-se um habitat simbiótico com certo traço de envolvimento fascinante a interagir com o homem, transportando os seus sonhos à realidade em se poder facilmente afastar na procura da aventura ou de melhores condições de vida, mas também sentir a percepção que o caminho de volta se encontra pela mesma linha dos carris.
A grandiosidade da tecnologia do século XIX e XX encontra-se bem presente ao longo deste percursos do caminho de ferro do Douro:
- imponentes locomotiva movidas a vapor, a traccionar composições de carruagens
- as modernas obras de engenharia da altura: pontes metálicas atravessando vales, túneis, penetrando montanhas a dentro, graciosas estações bem alindadas e ajardinadas.
Todo o explendor da geração tecnológica do vapor.
o comboio a vapor do Douro - sétima parte
O mundo da informática
Contemporaneamente surgiu uma outra revolução, a tecnológica, desta vez a informática, a modificar muitas das regras do quotidiano, reorganizando o homem sob nova conjuntura, imputando-o refém e astrito aos computadores, transportando-o-o para o mundo virtual, da informação, modificando a síntese da realidade, infirmando normas institucionalizadas.
Porém nesta nova sociedade onde a rápida informação prevalece, tudo se tornou tão rápido e banal. O que hoje é aceite, logo negado no dia seguinte.
Tal paradoxo é descodificado pela mente de muitos no sentimento de negação e rejeição a tal modernidade, tão susceptivel ao individualismo à labilidade e instabilidade.
A importância para o Homem de hoje, dos símbolos e memória colectiva das comunidades
Perante este novo mundo de insatisfação humana o homem reflexivo e de valores, como que instintivamente procura os verdadeiros símbolos civilizacionais de consistência ao passado e memória colectiva das suas comunidades.
Assim, entendemos porque na perspectiva epopeica do simbolismo das linhas férreas, em muitos surge o sentimento da grandiosidade, da aventura, do romantismo, da consistência na força e audácia.
Entendo o porquê das manifestações para recuperar e reabilitar linhas sumptuosas como a do Tua e do Corgo... é que o simbolismo dos caminhos de ferro coabita com o intelectual de hoje, transportando o indivíduo para o saudoso passado vivido intensamente e tão recheado de boas recordações.
E, recordar é viver, e, retroceder momentâneamente para reais cenários passados, transporta o homem para uma dimensão infinita de paz e retoma de energias.
Entendemos que, em oposição ao mundo virtual da informação e da irrealidade a proporcionar cada vez mais insatisfação e mal estar ao homem, o cenário do comboio e seu mundo envolvente, oferece o mundo real de emoções e sensações, com a constante interacção entre este e a multiplicidade de paisagens a surgir quilómetro a quilómetro, com o convívio propiciado perante os vários passageiros sentados frente a frente nas carruagens, guiados
com firmeza pela locomotiva.
Assim, o relaxante passeio neste epopeico percurso do Séc. XIX, XX, em que nos afastamos por umas horas de compromissos e responsabilidades representa também para cada indivíduo no seu espírito, o cenário da sua imaginação, cultura, vivências anteriores, e para o intelectual de hoje, a libertação à pressão da sociedade contemporânea com a necessidade da pesquisa dos seus valores de referência e identidade.
Adjectivos de pensamentos, a transportar-nos a uma série de esperanças infinitas, e a um outro espetáculo da vida: a pretenção aos seus desejos em concórdia à época pretendida.
A importância dos modelos do passado para que o ser humano se sinta integrado na sua cultura e no mundo em que vive
Linha do Douro, vanguarda tecnológica do século XIX e XX, percorrê-la e revivê-la, com toda a nostalgia do seu passado epopeico, remete o homem culto para décadas passadas, mas que na realidade é o pulo da vanguarda.
O saber e a realidade dos séculos citados, são os verdadeiros agentes catalizadores dos progressistas do século XXI.
É o retorno aos valores culturais que simbolizam e dignificam as comunidades, para que o homem possa ainda inverter a trajectoria civilizacional descendente de que tem vindo a ser vítima, com o moderno mundo da globalização e velocidades alucinantes.
O exemplo destas linhas do passado, tão acarinhadas e orgulho simbólico e sentimental do homem da época, é já uma atracção e referência para o homem moderno na audácia cada vez maior em se apoderar dos seus valores simbólicos e epopeicos, para que assim os possa repor e sentir com a mesma ousadia dos seus avós e bisavós.
Uma inversão à velocidade desenfreada dos dias de hoje com o exemplo comprovado do passado a asseverar a nossa existência e realidade da vida.
É o aproveitamento aos modelos do passado, para que assim nos sintamos integrados na cultura e valores do mundo em que vivemos, e consequentemente sentirmo-nos como parte integral duma civilização a facultar orgulho e bem estar.
"grupo de cantares de s. miguel"
1985 - comunhão em vila da ponte
a estação de caminhos de ferro do vesúvi
aguiar da beira desfile etnográfico
aguiar da beira feira atividades economi
associação de acordeonistas do távora e
banda filarmónica de nagoselo do douro
cantadores de janeiras de s. marta de pe
comboio da rede à quinta das carvalhas
comboio do douro foz do távora
comboio do douro quinta da romaneira
comboio no ferrão; vapor no ferrão; vapo
comunhão solene vila da ponte 2008
grupo de cantares de constantim
grupo de cantares de vila real
orquestra ligeira câmara tarouca
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