Chegou o dia 23 de Julho, e até Outubro, o Douro vive a nostalgia de décadas do século passado.
É da Régua ao Tua que circula o comboio a vapor.
São infindáveis paisagens de vinhedos muito bem acomodados pelos característicos socalcos, circunscritos por elevações montanhosas, tendo com plano de fundo o inquieto rio Douro, acalmado pelas sucessivas barragens construídas e que o tornaram navegável às embarcações turísticas.
Paisagens repletas de histórias de tempos diferentes ao ritmo do vapor.
O silêncio do vale do Douro, só quebrado pelo silvo do vento e o ruído das embarcações que por lá passam, vê-se interrompido por profundos e contínuos sibilos, mais parecendo assobios, a relembrar sinais de algumas décadas passadas.
É o passado a ser revivido com precisão neste novo mundo, no mesmo palco profundo, o vale do Douro.
Quem percorre a margem esquerda do Douro, entre a Régua e o Pinhão, pode acompanhar do outro lado em automóvel, o serpentear da fumaraça negra da locomotiva, subindo velozmente para a atmosfera.
Adiantando-nos à chegada do comboio ao Pinhão sentimos nos passageiros e curiosos que estão na estação, uma impaciência na chegada.
É que dentro de minutos, vai dar entrada uma enorme e potente máquina, bafejando enormes quantidades de fumo e vapor, a rebocar várias carruagens em madeira, exemplares vivos do início do século XX.
É de reconhecer a imponênte "Maquina a Vapor" como heroica no esforço epopeico em transformar o Douro indomável e selvagem, no vale com infraestruturas de civilidade e exploração rural.
É na estação do Pinhão que este monumento vivo, afrouxa, soltando o último suspiro de energia.
Em minutos o cais de embarque é invadido por uma nuvem escura, expelida pela chaminé do comboio, uma mistura da combustão do carvão e vapor de água.
Alguns passageiros saiem para apreciar a estação ornamentada com azulejos pintados com relevos alusivos às vindimas. Figurantes vestidos a épocas festivas do século XIX, tocam cantares regionais na plataforma da estação.
A máquina depois de reabastecida com umas centenas de litros de água, apita.
Os passageiros votam para as carruagens, e logo depois a composição segue em direcção ao Tua.
A força do vapor inicialmente frouxa, torna-se em poucos segundos mais audaz e potente.
E foram estas máquinas, à força da lenha e do carvão que encurtaram em tempos os cerca de 100 Km do Porto à Régua.
Em barco rabelo o percurso durava de 4 a 8 dias e com a era do vapor o tempo passou a ser de pouco mais de duas horas, com um consequente comércio a prosperar.
Uma poderosa máquina a funcionar a carvão e água, cujo formato exterior caracterizava a sua enorme caldeia em formato de tambor de forma cilíndrica. No seu interior uma série de válvulas e tubos faziam circular o vapor de água quente que era posteriormente canalizado por um sistema de êmbolos e pistões para uma biela ligada às rodas.
E era a grande pressão do vapor de água que com muita força movimentava a biela e consequentemente colocava o comboio em movimento.
Para as acelerações e desacelarações o maquinista possuia uma série de válvulas que, controlando a pressão do vapor de água assim aumentava ou diminuia a velocidade.
Para o mantimento da pressão elevada do vapor de água quente o fogueiro alimentava a fornalha constantemente manualmente com pás e mais pás de carvão. E assim saía uma quantidade imensa de fumo e vapor de água pela chaminé da locomotiva a caracterizar o "comboio da vapor".
Mas o meu trabalho de hoje não é referente à saudosa linha do Vouga visto que foi desmantelada há pouco mais duma dezena de anos por incúria de muitos, pois que, além da função social que ocupava, o seu trajecto revestia-se duma beleza paisagística invejável, com o seu maior troço ao longo do Rio Vouga.
O meu trabalho de hoje em que incluo a locomotiva a vapor A 187 a percorrer o Douro Vinhateiro, é um pouco diferente locomotiva VV 22 do vouga, pois esta última era bem menos poderosa e de bitola pequena.
Esta Locomotiva fabricada em Berlin no ano de 1923 atinge uma velocidade média de 35 Km/ hora; recuperada para fins turísticos, consome uma tonelada e meia de carvão por cada 2 horas de funcionamento; são puxadas carruagens de 1907 e 1993, oferecendo a quem visualiza o seu percurso pela linha um real cenário do início do século XX
Este trabalho que apresento corresponde ao trajecto do comboio entre a Régua e o Pinhão. Em velocidade acelerada no meu automóvel procurei constantemente ultrapassar o comboio pela margem esquerda do Douro, cuja rodovia segue paralelamente à via férrea na outra margem filmando os melhores cenários do trajecto da locomotiva após sucessivas paragens estratégicas.
Sábado, dia 06 de Junho de 2009, cheguei à Regua às 14.30.
Já na Ponte antiga de Lamego-Régua observava ao longe na gare do Peso da Régua um imenso fumo que subia na vertical e se dissipava logo por toda a área envolvente da estação de caminhos de ferro. Sem dúvida que correspondia ao fumo do carvão e vapor de água que brotava da grande fornalha da locomotiva A 187.
Entrei na Estação; tinha acabado de chegar um comboio a diesel proveniente do Poçinho; numa outra plataforma a atracção era outra; várias dezenas de pessoas, com máquinas fotográficas e câmaras de filmar concentravam-se à volta da Locomotiva a vapor A 187 emanando para todo o ambiente envolvente uma poluição de fumo, que quando a ventania se desviava para o nosso lado, quase que nos abafava.
Os turistas e viajantes depois de apreciarem as velhas carruagens muito bem conservadas, e observarem o grupo de músicos locais a tocar música regional ao longa da plataforma, iam entrando à medida que a hora da partida se aproximava.
O Chefe da estação fez soar o apito; à hora precisa a locomotiva secular sai para a aventura da viagem até ao Poçinho, voltando por volta das 18. 30.
Saio da estação e já no meu automóvel atravesso a ponte. Na outra margem avisto o comboio a chegar à Barragem da Régua, que se encontra também numa azáfama grande: a abertura e fecho constante das suas comportas naquele dia a permitir aos barcos turísticos que vençam o desnível das águas.
Mas paro mais à frente junto a um pequeno túnel para filmar toda a beleza envolvente e o comboio a penetrar por terra a dentro.
Acelero até uns quilómetros mais à frente, ultrapasso o comboio que vagarosamente faz o seu percurso, e sedio-me na bonita aldeia de Folgosa do Douro apontando a minha câmara Sony EX, para a outra margem do rio onde fica localizada a aldeia de Covelinhas e por onde o trem passa logo de seguida.
Ao longo da margem, o comboio serpenteia o rio, e de quando em quando emana grandes quantidades de fumo, vai apitando com aquele som agudo que ecoa ao longo do grande vale do rio e chega ao Pinhão.
Consegui antecipar-me e chegar à plataforma da linda Estação do Pinhão minutos antes da composição chegar.
Eis que a imponente máquina dominado todo o cenário envolvente se aproxima e pàra na estação.
Mesmo ao lado dum volumoso tanque metálico de água e por baixo duma gigante torneira de ferro a máquina abastece-se de uma boas centenas de litros de água. Os três maquinistas que dominam a máquina saiem e depressa se apressam a lubrificar a peças e pistões do exterior da máquina; um trabalho importante para manter a máquina em estabilidade.
Os turistas e viajantes saiem um pouco para admirar a beleza da estação do Pinhão recheada de azulejos alusivos ao Douro e Vindimas.
A viagem continua até ao Tua.
Este passeio turístico aos Sábados durante os meses de Verão com toda a animosidade de grupos folclóricos locais a rvitalizar o circuito é mesmo para aproveitar enquanto tiver-mos o privilégio de usufrir o "Comboio histórico a vapor" O Alto Douro Vinhateiro corresponde à zona mais expressiva, mais bem tratada e conservada da região Demarcada do Douro. Alto Douro Vinhateiro está associado a vinho de qualidade excepcional e de elevada rentabilidade económica.
A Região Demarcada do Douro, Património da Humanidade, transmite-nos uma sedução e magia ímpar. Todo o cenário, desde as altas montanhas xistosas crescendo ao longo do tortuoso rio, a vegetação envolvente de vinhas muito bem tratadas nos socalcos a abeirarem-se sobre o Douro, criaram o habitat mais encantador para o percurso da linha-férrea mais atractiva do País.
Douro, com uma beleza ímpar do seu leito em simbiose com todas as montanhas envolventes e toda a transformação realizada pelo homem nos últimos séculos, desde as vinhas, às encantadoras aldeias ribeirinhas, mesmo as modernas barragens construídas nos século XX que aquietaram as turbulentas e acorrentadas águas do curso do rio.
A viagem pela berma do rio em Comboio, é a forma mais encantadora e romântica de apreciar toda a multiplicidade de cenários que surgem espontaneamente a cada quilómetro de linha percorrido.
Se optarmos pelo comboio a vapor, então o mesmo ambiente propiciado, transporta-nos ao mundo de nostalgias e encantos do século XX.
Como é interessante reviver-mos o tempo do funcionamento das nossas linhas-férreas com as máquinas a vapor. Que sedução e nostalgia ao apreciar-mos os maquinistas a abastecer a enorme máquina com água e carvão.
Como é penoso o seu trabalho de estabilização e manutenção de toda a mecânica manual da máquina. O constante enchimento da fornalha com carvão através duma pá, as temperaturas elevadas do habitáculo da máquina, o enchimento com água dos depósitos das caldeiras e a lubrificação constante das peças e pistões pelas diversas estações onde pára – verdadeira azáfama para o trem circular com estabilidade .
Quem observa e acompanha pela estrada a locomotiva a rebocar cinco carruagens também seculares e que segue em paralelo à linha do Douro, mas na sua outra margem, e entre a Régua e o Pinhão, sente o realçar da magia e vitalidade de todo este ambiente romântico a fervilhar de brilho, imponência e beleza.
Apreendemos concerta que o comboio a vapor ocupou um marco histórico no desenvolvimento da região do Douro e escoamento o vinho do Porto e comunicação entre as várias localidades afectas ao Douro.
Sem dúvida que todo este envolvimento da linha do Douro, com o seu trajecto ribeirinho, interrompido frequentemente por túneis ou então atravessando cursos de água por pontes seculares, pertencem a um formidável património que levou imensos anos a construir e que deve ser preservado para bem da Humanidade.
Linha do Douro: Porto a Barca de Alva.
Verdadeira coluna vertebral que liga o território do Douro ao centro do Porto, estatuto de grande importância pelo papel determinante desempenhado como principal via de comunicação e transporte de mercadorias até final dos anos 30. Todavia, depois da construção de rodovias a linha ferroviária sofreu um decréscimo na sua importância, e por ditadura contabilística, o troço de linha entre o Pocinho e Barca de Alva foi encerrado, deixando uma série de apeadeiros estações, algumas de grande valor, ao abandono.
Esta bonita linha ferroviária, no momento da concepção, Sec.XIX foi concebida para ligar o Porto a Salamanca e assim foi uma realidade até 1985. Com o encerramento entre Poçinho e Barca de Alva, foram amputados 26 Km.
Existe a possibilidade de reabertura do troço novamente até Barca de Alva para fins turísticos; o troço ainda está fácil de recuperar, e é sem dúvida uma importante acção para a promoção e exploração de todo o trajecto do Douro Português, e preservação do passado recente, que tanto custou a construir e na altura deu alma e vitalidade a zonas do País tão distantes da civilização…
"grupo de cantares de s. miguel"
1985 - comunhão em vila da ponte
a estação de caminhos de ferro do vesúvi
aguiar da beira desfile etnográfico
aguiar da beira feira atividades economi
associação de acordeonistas do távora e
banda filarmónica de nagoselo do douro
cantadores de janeiras de s. marta de pe
comboio da rede à quinta das carvalhas
comboio do douro foz do távora
comboio do douro quinta da romaneira
comboio no ferrão; vapor no ferrão; vapo
comunhão solene vila da ponte 2008
grupo de cantares de constantim
grupo de cantares de vila real
orquestra ligeira câmara tarouca
Notícias