Linhas férreas turísticas turísticas, um enigma?
Nos momentos actuais discute-se a alta velocidade dos comboios, símbolo da modernidade, em que “a rapidez é o sucesso da filosofia”, colocando-se de lado o turismo ferroviário, cujo lema é “a apreciação do mundo rural e encantos paisagísticos da natureza”, retrocesso ao investimento no lazer e turismo contemporâneo dos dias de hoje.
Que agradabilidade era o mundo envolvente nas estações onde se fazia transbordo de comboios, como o caso da Régua: movimento e mais movimento de gente; no bufete, o aroma ao café e tabaco; na plataforma da linha, o odor ao fumo das locomotivas.
Um vai e vem de gente e comboios, onde o grande espaço se tornava insuficiente por vezes perante os movimentados cruzamentos de passageiros.
Presentemente o tráfego diminuiu, foi encerrada a última extensão da linha do Douro, desmantelada a linha do Corgo, e tudo sob as determinações mandatórias das novas estradas a crescer em linha recta, outra consequência do modernismo.
Muitas das linhas ferroviárias turísticas a operar na Europa, adaptadas à contemporaneidade, surgem por iniciativa bairrista de muitos, nostálgicos e desiludidos pelo encerramento delas.
Força sentimental duma herança simbólica da primeira revolução industrial, a que decidiram conservar e recuperar os grandiosos valores: locomotivas, material circulante, infra-estruturas e estações.
Foram criadas associações, patrocínios de empresas turísticas e curiosos, fãs das linhas férreas, valorizando-se o sentimento de perda nas localidades locais, e com fundos significativos, organizaram-se, renascendo então a “linha férrea turística”.
Algumas das nossas ferrovias, que podem ser englobadas na perspectiva turística são linhas férreas antigas desactivadas recentemente, com forte impacto comercial no século passado, e localizadas em áreas com características paisagísticas e ambientais convidativas ao turismo ferroviário e ainda em condições viáveis de recuperação.
As várias linhas aferentes ao Douro, nomeadamente a linha do Tua e Corgo, a extensão da linha do Douro até Barca de Alva, de potencial turístico ímpar, estão já na consciência e organização de opiniões, com vista a uma reabertura, havendo movimentações com esse desejo.
Existem ainda equipamentos antigos de tracção a vapor, visíveis na Régua que podem ser colocados em movimento, fornecendo ao público, num percurso, a oportunidade de descobrir além das paisagens, as técnicas de tracção hoje abandonadas, e que seduzem centenas de entusiastas.
Que agradável é viajar no comboio a vapor, porque além do prazer da viagem, somos levados ao mundo do romantismo e nostalgia.
A prova é que, quando no Verão circula o Vapor da Régua ao Tua, há uma imensidão de gente desejosa em observar e ser conduzida por um verdadeiro museu vivo possuindo a autenticidade em movimento.
Foi a expansão rodoviária com boas estradas e acessibilidade dos veículos automóveis à população, que colocou o transporte ferroviário das pequenas vias em decadência; para a sua sobrevivência há que aclamar
“viva o turismo”.
O turista para gozar em pleno do bem estar que as paisagens ferroviárias oferecem, ao separa-se do seu automóvel, entrega-se relaxadamente ao itinerário do comboio.
É importante que as várias estações do percurso, estejam munidas de ambiente turístico, com espaços de restauração e lojas comerciais com produtos regionais ou recordações locais.
É bom que o turista possa ser transportado a uma das muitas pitorescas aldeias ou vilas da proximidade.
A animação envolvente ao comboio turístico torna-se muito importante, com grupos musicais populares a actuar no percurso da viagem, ou então a apresentação de cantares ou folclore local em estações alvo.
É este o panorama observado no comboio histórico do Douro, que apresento no filme em anexo
Para terminar:
O desenvolvimento turístico na linha do Douro e seus ramais aferentes, oferece ao turista a dimensão da herança da primeira revolução industrial, o encanto que emerge pela descoberta do meio ambiente paisagístico e a reconciliação dos comboio antigo com o progresso.
O dever de todos em salvaguardar estes verdadeiros museus em movimento torna-se certamente sensibilizador e contagiante para muitos, ficando para a comunidade esta riqueza, testemunho da história industrial.
Será pelo investimento nas ferrovias turísticas, com toda a sua dimensão cultural, entusiasta e nostálgica, que comboios e linhas férreas Dourienses conseguem evitar a terrível armadilha do desmantelamento e retirada.
"grupo de cantares de s. miguel"
1985 - comunhão em vila da ponte
a estação de caminhos de ferro do vesúvi
aguiar da beira desfile etnográfico
aguiar da beira feira atividades economi
associação de acordeonistas do távora e
banda filarmónica de nagoselo do douro
cantadores de janeiras de s. marta de pe
comboio da rede à quinta das carvalhas
comboio do douro foz do távora
comboio do douro quinta da romaneira
comboio no ferrão; vapor no ferrão; vapo
comunhão solene vila da ponte 2008
grupo de cantares de constantim
grupo de cantares de vila real
orquestra ligeira câmara tarouca
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