Cultura e etnografia.
Os costumes, religiosidade, arte e tradições da Pátria Lusitana.
Valores da população que brota identidade, regras civilizacionais e
Até finais da década de 20 do século passado a população do nosso Douro Sul vivia numa verdadeira azáfama cultural popular, essencialmente nos Dias de Festa, Romarias e Domingos, mas também durante a labuta do trabalho, cantando, alegrando as tarefa dos trabalho e improvisando verdadeiros teatros populares onde se mostravam os verdadeiro talentos artísticos da aldeia.
Em cada aldeia deste nosso interior havia sempre bom cantador ou então uma concertina, que a qualquer momento improvisavam um cenário alegre de danças e cantares.
Rancho Folclórico de Sernancelhe Nos períodos de trabalho mais intenso, seja nas vindimas, no pisar do vinho, arranque das batatas ou malha do centeio a recompensa ao final do dia por um trabalho exaustivo simbolizava-se com uma verdadeira e espontânea festa.
Eram os pontos positivos da interioridade e isolamento da Beira Interior e Douro na altura: as actividades lúdicas do povo diversificadas de aldeia para aldeia com as suas características expressividade, dotes vocais, instrumentais e danças.
Eram os valores culturais locais a proliferarem e pulularem nos seus habitats, fruto do saber e da inteligência do povo, e das experiências de vida adquiridas ao longo dos últimos séculos.
Todavia, com o progresso tecnológico e a grande revolução industrial, houve progressivas mudanças nesta forma de estar e viver do interior, e todos estes valores foram sucessivamente ultrapassados pela concorrência de máquinas de músicas comerciais, cada vez com menos identidade, colocando em risco toda a sabedoria e valores adquiridos pelos nossos antepassados.
O primeiro dispositivo de música gravada capaz de seduzir e atrair populações foi o gramofone, onde os mais ricos investiram, transportando para as suas quintas este instrumento tecnológico capaz de substituir grupos humanos musicais.
Depois vieram os gira-discos com poderosos altifalantes, capazes de entoarem os sons para grandes aglomerados populacionais, autêntica farpa no coração dos grupos corais e folclóricos regionais.
Todo o entusiasmo nestas novas e modernas formas de divulgar a música gravada, tantas vezes descaracterizada e não adaptada às características duma determinada população, fizeram com que as Comissões de Festas e Organização de Eventos, procurassem contratar todo este tipo de maquinetas altamente sofisticadas, cheias de luzes coloridas e sons barulhentos das músicas capazes de se ouvir a centenas de metros.
Concerteza que todo este entusiasmo tem a ver com o prestigio da modernidade a quererem prevalecer.
Enfim é o progresso a exigir uma adaptação activa do homem ao meio. É pena, evoluir tecnicamente sacrificando tudo o que pode dar beleza à vida e à alegria do ser humano. É imprevisível provavelmente ainda perante esta série de mudanças que caminhos se irão mirar perante os nosso vindouros.
Todavia no nosso interior já se volta a estabelecer uma verdadeira aliança entre as festas religiosas e os grupos corais, musicais e folclóricos tradicionais.
De certeza uma esperança e uma nova filosofia de pensamento para aqueles que sentem na revitalização dos costumes e tradições, o encontro com o seu bem estar, equilíbrio emocional e estabilidade neste lindo mar de montanhas do Douro e Beira