Cultura e etnografia.
Os costumes, religiosidade, arte e tradições da Pátria Lusitana.
Valores da população que brota identidade, regras civilizacionais e
Arnas, pequena aldeia do concelho de Sernancelhe, esteve durante muitos anos isolada na geografia de Portugal, e localizada no interior de Sernancelhe.
Conservou a sua raiz cultural com o seu povo, pouco penetrado às influências estrangeiras. Salientou-se na povoação ultimamente uma jovem nativa e estudiosa que se debruçou sobre as origens e fundamentos da cultura e tradições locais.
Criou um grupo folclórico, alicerçado na cultura e conto popular herdado das gerações povoadoras do território das Arnas - o Rancho Folclórioc das Arnas
Na apresentação em público o Rancho Folclórico das Arnas, mostra as vivências do seu passado, vivências de um povo a exteriorizar as suas paixões e emoções, em gestos e palavras muito bem elaborados, divulgando a sua cultura oral e as tradições.
Sem dúvida que a recolha e preservação de todo este património através da apresentação da peça foi muito bem elaborado.
Esta jovem das Arnas não possuindo formação sociológica ou histórica universitária, provou ter efectuado uma verdadeira investigação folclorística, com profundo conhecimento da psicosociologia do povo das Arnas, e foi com muita paciência e dedicação que recuperou todo o património de tradições materiais e espirituais, dum mundo rural antigo pouco alfabetizado, espontâneo, com os sentimentos de alegria, tristeza ou paixão, de tudo quanto pudesse aliviar a alma e esquecer as agruras da vida
Cantar, tocar e bailar – recolha, investigação, preservação e divulgação da literatura oral e tradicional – é o trabalho do grupo das Arnas a desejar conservar as virtudes admiráveis do seu povo, almas nobres, cheias de poesia a representar com naturalidade/instinto o quanto a vida tem de belo.
Denota-se na apresentação os velhos costumes beirões em hábitos alimentares, amanho do linho, cantorias e versos e os encontros familiares ou em romarias.
Povo muito ligado às lides da terra e da cultura e trabalho do linho, laborioso, lutando pelo pão nosso de cada dia e posse das suas propriedades.
Depois, após o árduo trabalho do dia a dia, deixa-se compenetrar por uma sensação de bem estar e paz, de onde emanam frases da sua religiosidade misturadas com crenças e superstições mas com um fundo original.
Folclore, uma cultura que nos acompanha e interfere na nossa vivência do dia a dia, a história dum povo, a vivência dinâmica duma sociedade que se vai recriando em cada época, em função do estado civilizacional e cultural de cada tempo.
Folclore, uma homenagem ao nosso povo, que possui um ritual ou cantiga para cada circunstância da vida, sendo um atributo importante da transmissão civilizicional para os vindouros.
Neste texto, além de dar os parabéns à Ana Cristina Dias das Arnas, também lhe quero avivar (bem o sabe e bem o tem executado) que a literatura oral e tradicional está ainda muito viva e bem presente na alma e coração das pessoas idosas da aldeia, que muito se deliciam em saber que há quem as oiça, pelas suas histórias de criança e vivências da juventude.
Continue a recolher todos estes dados, pelo muito que contribuem para representar a História das Arnas, de Sernancelhe.
Até finais da década de 20 do século passado a população do nosso Douro Sul vivia numa verdadeira azáfama cultural popular, essencialmente nos Dias de Festa, Romarias e Domingos, mas também durante a labuta do trabalho, cantando, alegrando as tarefa dos trabalho e improvisando verdadeiros teatros populares onde se mostravam os verdadeiro talentos artísticos da aldeia.
Em cada aldeia deste nosso interior havia sempre bom cantador ou então uma concertina, que a qualquer momento improvisavam um cenário alegre de danças e cantares.
Rancho Folclórico de Sernancelhe Nos períodos de trabalho mais intenso, seja nas vindimas, no pisar do vinho, arranque das batatas ou malha do centeio a recompensa ao final do dia por um trabalho exaustivo simbolizava-se com uma verdadeira e espontânea festa.
Eram os pontos positivos da interioridade e isolamento da Beira Interior e Douro na altura: as actividades lúdicas do povo diversificadas de aldeia para aldeia com as suas características expressividade, dotes vocais, instrumentais e danças.
Eram os valores culturais locais a proliferarem e pulularem nos seus habitats, fruto do saber e da inteligência do povo, e das experiências de vida adquiridas ao longo dos últimos séculos.
Todavia, com o progresso tecnológico e a grande revolução industrial, houve progressivas mudanças nesta forma de estar e viver do interior, e todos estes valores foram sucessivamente ultrapassados pela concorrência de máquinas de músicas comerciais, cada vez com menos identidade, colocando em risco toda a sabedoria e valores adquiridos pelos nossos antepassados.
O primeiro dispositivo de música gravada capaz de seduzir e atrair populações foi o gramofone, onde os mais ricos investiram, transportando para as suas quintas este instrumento tecnológico capaz de substituir grupos humanos musicais.
Depois vieram os gira-discos com poderosos altifalantes, capazes de entoarem os sons para grandes aglomerados populacionais, autêntica farpa no coração dos grupos corais e folclóricos regionais.
Todo o entusiasmo nestas novas e modernas formas de divulgar a música gravada, tantas vezes descaracterizada e não adaptada às características duma determinada população, fizeram com que as Comissões de Festas e Organização de Eventos, procurassem contratar todo este tipo de maquinetas altamente sofisticadas, cheias de luzes coloridas e sons barulhentos das músicas capazes de se ouvir a centenas de metros.
Concerteza que todo este entusiasmo tem a ver com o prestigio da modernidade a quererem prevalecer.
Enfim é o progresso a exigir uma adaptação activa do homem ao meio. É pena, evoluir tecnicamente sacrificando tudo o que pode dar beleza à vida e à alegria do ser humano. É imprevisível provavelmente ainda perante esta série de mudanças que caminhos se irão mirar perante os nosso vindouros.
Todavia no nosso interior já se volta a estabelecer uma verdadeira aliança entre as festas religiosas e os grupos corais, musicais e folclóricos tradicionais.
De certeza uma esperança e uma nova filosofia de pensamento para aqueles que sentem na revitalização dos costumes e tradições, o encontro com o seu bem estar, equilíbrio emocional e estabilidade neste lindo mar de montanhas do Douro e Beira